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ATA DA 47ª SESSÃO ORDINÁRIA,
REALIZADA EM 11 DE JUNHO DE 2013
Às
14h30min, com a presença dos Senhores Deputados: Cida Diogo, Dionísio Lins, Geraldo
Pudim, Gilberto Palmares, Iranildo Campos, João Nacif, Luiz Paulo, Marcelo Simão, Paulo Melo,
Paulo Ramos, Roberto Henriques, Robson Leite,Samuel Malafaia, Thiago Pampolha,
Xandrinho. (15). Assume a
Presidência o Sr. Deputado Samuel Malafaia, , 1º Suplente, ocupando os lugares
de 1º, 2º, 3º e 4º Secretários, respectivamente, os Senhores Deputados: Thiago
Pampolha, 4º Suplente; Cida Diogo, a convite; Paulo Ramos, a convite; Marcelo
Simão, a convite.
DEPUTADO PAULO RAMOS
Vim a
esta tribuna, Sr. Presidente, para tratar de um tema que me faz imaginar que as
pessoas perderam completamente o senso e pensam que as demais estão
completamente idiotizadas. Tenho acompanhado essa disputa entre o Ministério
Público, que imagina ou pretende ter a competência para investigar, e a
competência que consta da Constituição relativa ao papel da Polícia Civil.
Independentemente
de uma posição ou outra, independentemente da compreensão que alguns têm de que
o Ministério Público tem competência para investigar, eu, que fui constituinte,
entendo que não tem - a PEC 37 pretende esclarecer dúvidas e evitar
interpretações da Constituição que não correspondam àquilo que está no texto.
Mas, independentemente da posição, hoje pego o jornal O Globo e vejo uma
reportagem com o seguinte título: "A face por trás das muitas vozes que
chegam ao MP". E diz: "Fonoaudióloga desvenda casos através de
escutas telefônicas". Trata-se da fonoaudióloga Maria do Carmo
Gargaglione.
Ela
diz, aqui na matéria, que somente o MP do Rio de Janeiro tem profissionais
especializados para investigação das vozes. Até aí, não acredito ser verdade,
mas não quero tratar dessa matéria, porque sei que há, inclusive na Polícia
Civil do Rio de Janeiro, trabalho especializado nesse sentido. Mas esta não é a
abordagem que pretendo fazer.
Ela diz aqui que, em função dessas tarefas que ela vem desenvolvendo no Ministério Público com muito sucesso,
desvendando a autoria de crimes, ela passou a ter que andar em carro blindado,
com escolta para segurança e que a cada três meses muda o corte e a cor dos
cabelos e ainda tem a preocupação de não ceder para qualquer pessoa o seu
endereço, onde ela mora com as duas filhas e o marido.
Sr.
Presidente, é duro verificar que na matéria ainda vem uma fotografia da
fonoaudióloga Maria do Carmo. Ora, se ela corre de risco de morte pelo trabalho
que realiza, se ela tem que andar com um carro blindado, escoltada e mudar as
suas características em termos de corte e cor dos cabelos para não ser
reconhecida, e vive escondendo o próprio endereço, o ideal seria que ela
permanecesse no anonimato, ou, então, é um suicídio declarado. Isso demonstra a
completa incompetência para investigar, pois como uma pessoa diz o que está
constando da matéria e se deixa fotografar, aliás, com um belo sorriso?
Então,
Sr. Presidente, eu não posso acreditar que o Ministério Público do Rio de
Janeiro vá se utilizar de argumentos para afirmar a defesa que faz em relação à
competência para investigar, mas vá fazê-lo através de tamanha incompetência.
Só posso crer que a Maria do Carmo não tenha contado com o apoio, para esta
matéria, do Procurador Geral de Justiça, Dr. Marfan Vieira, porque é de um
despreparo, é de um acinte, porque dá a impressão que cada um de nós perdeu a
capacidade de refletir em relação a coisas tão objetivas. Se é verdade, o que
eu não acredito, que a Sra. Maria do Carmo esteja andando escoltada em carro
blindado e mude as características pessoais de três em três meses e esteja
morando em local não conhecido, se é verdade isto, eu não posso acreditar que
ela tenha se prestado a participar dessa reportagem. Agora, é uma
reportagem-entrevista. Também não posso imaginar a Jornalista Catharina Wrede,
que é a autora da matéria do Jornal O Globo de hoje.
Então,
Sr. Presidente, se porventura, o Ministério Público pretende argumentar a sua
competência para investigar esta matéria, demonstra claramente, pelo menos, que
não há o mínimo de preparo para fazê-lo, porque é uma contradição que salta aos
olhos do observador menos atento. Se a fonoaudióloga Maria do Carmo pretendeu
comprometer os esforços daqueles que dentro do Ministério Público defendem o
direito que tem a instituição de investigar, já que vamos entrar na Copa das
Confederações, a Sra. Maria do Carmo fez um grande gol contra.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
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