Pedido de Prisão contra Líder da Rocinha é Emblemático
Rio - Crianças foram baleadas no Morro do Estado, em Niterói, em tiroteio que aparentemente envolvia a presença de policiais do GAP. O Grupo de Apoio aos Promotores é um órgão de legalidade duvidosa do Ministério Público, integrante da hollywoodiana CSI, Coordenaria de Segurança Institucional. As funções desempenhadas pelos 260 PMs colocados à disposição do MP, por meio de “convênio remunerado”, não se enquadram nas descritas no Decreto-Lei 92 de 1975, que regulamenta a competência da Polícia Militar no Rio de Janeiro.
Mas outras atuações do MP tangenciam a ilegalidade e o abuso de poder. O pedido de prisão contra um líder comunitário da Rocinha, com fundamento em filme editado, é emblemático. Outras ocorrências indicam anomalias em investigações realizadas pelo MP e sua equipe própria de peritos.
É inegável a responsabilidade das emissoras pela divulgação de imagens, notadamente quando adulteradas. Mais ainda quando provocam a ação do Estado e lesão à ordem jurídica, seja o direito de imagem ou a liberdade. Mas igualmente são responsáveis os autores da adulteração e o membro do Ministério Público que a utilizou, se sabia do vício ou não agiu com a cautela apropriada. Sequer os juízes poderão se isentar de responsabilidade pelas prisões decretadas fundadas em tais práticas. Afinal, só não sabe o que se tem praticado em prejuízo das liberdades públicas e do ordenamento jurídico quem não quer saber das anomalias praticadas pelo Estado no presente momento.
João Batista Damasceno: Papéis e prisões
A perícia de áudio da qual resultou prisões de agentes públicos pela Delegacia Fazendária em passado próximo pode ser o fio da meada que desvelará a questão. O inquérito policial era conduzido pelo MP e, embora sigiloso, um jornalista recebia cópias do que se produzia e pedia às fontes que lhe traduzisse o linguajar juridiquês.
No caso da gravação do líder da Rocinha, aparentemente adulterada para incriminá-lo, uma emissora de TV a exibiu, sem obediência ao sigilo do inquérito.
Doutor em Ciência Política pela UFF e juiz de Direito. Membro da Associação Juízes para a Democracia
Como perito estou acostumado, infelizmente, a me defrontar com material de áudio e/ou vídeo, cuja autenticidade é discutível. Em alguns casos o material é mesmo fraudulento, como o exemplo citado: a filmagem envolvendo o líder comunitário da Rocinha.
ResponderExcluirAcredito que o MP, na maioria dos casos, desconhece a fragilidade da prova, e isso por falta de um apoio técnico pericial de qualidade.
Mas também é fato que, quando a defesa eventualmente revela as inconsistências da evidência apresentada, não raramente o MP, de forma totalmente inapropriada, investe contra o perito assistente que elaborou o parecer, quase sempre afirmando, levianamente, que o parecer da defesa é "comprado".
Ora, esse tipo de manifestação está eivado de hipocrisia. Parece evidente que ninguém trabalha de graça, inclusive os membros do MP. Além disso, retirar da defesa a possibilidade de elaborar seus próprios pareceres técnicos seria ferir mortalmente o Estado de Direito.
Criou-se, alimentado peo próprio MP, o mito da "perícia oficial", como se "oficialidade" significasse alguma coisa mais que não uma posição marcada dentro de um esquema meramente burocrático.
Mas a verdade, que deve ser dita, doa a quem doer, é que a tal "perícia oficial" anda muito mal das pernas e geralmente comete bobagens que precisam ser corrigidas, a bem da Justiça.
Ricardo Molina
Perito
Concordo plenamente! Alguns Peritos Criminais (Oficiais) investem em cursos e congressos, de modo a se atualizarem. É o meu caso, me atualizo participando ativamente de congressos, apresentando trabalhos, e os variados casos em que atuo são fontes inesgotáveis de estudo.
ExcluirConcordo que o MP está tecnicamente mal assessorado. No caso do vídeo envolvendo o Líder Comunitário da Rocinha nós fizemos o laudo e constatamos a montagem, enquanto que a técnica do MP afirmou (contratada particularmente pelo jornal Extra) que se tratava de uma transação de venda de armamento, tendo inclusive feito "leitura labial" das pessoas que participavam do vídeo. Tudo isso foi comprovado com os depoimentos dos envolvidos e do repórter que fez a edição.
Nossos laudos (seu e meu) estavam corretos, o que não me admira, uma vez que conheço sua capacidade técnica.
Parabéns!
http://extra.globo.com/casos-de-policia/perita-diz-que-video-mostra-negociacao-de-fuzil-entre-ex-lideres-comunitarios-da-rocinha-o-traficante-nem-3404517.html
http://noticias.terra.com.br/brasil/policia/rj-video-de-compra-de-fuzil-na-rocinha-foi-editado-diz-pericia,17f8ac68281da310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html
http://www.clubecomunidade.com.br/index.php?d=noticias&a=263
Me desculpe a ignorância no assusnto, mas a lei permite que a técnica do ministério público faça trabalho particular para o jornal?
ResponderExcluirhttp://www.youtube.com/watch?v=70IRXLpwpwE
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